Empresa deve evitar que boataria de demissão se alastre, alertam consultores

Incerteza sobre o emprego desmotiva e atrapalha funcionários.
Especialistas recomendam cuidado ao selecionar informações.


A onda de demissões no país – segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em dezembro foram fechados 654 mil postos de emprego – favorece uma prática que pode atrapalhar o desempenho dos funcionários de uma empresa: a boataria.

Em meio ao clima de incerteza gerado pelas notícias da crise financeira, é comum que as conversas e especulações sobre possíveis cortes e a segurança dos empregos se tornem mais fortes e frequentes no ambiente corporativo, dizem especialistas.

Na avaliação do gerente de comunicação Paulo Ishimaru, da consultoria de recursos humanos Soma, deve haver um cuidado especial por parte das empresas para gerenciar o aumento de rumores em tempos de incerteza econômica.

“A empresa deve estar precavida com um plano de contingência para conter boataria”, diz.

Segundo ele, a melhor providência da empresa é eliminar o boato na origem, por meio da divulgação de um comunicado interno de esclarecimento, por exemplo.

Medo

“Eu acho que é muito comum isso acontecer [a boataria] porque as pessoas em geral ficam com medo de perder o emprego”, afirma a consultora da Cia de Talentos, Taís Amaral.

Segundo ela, no entanto, é importante usar discernimento para selecionar o que vale a pena ser levado em consideração entre as informações da "rádio-peão", como é chamada a rede de fofocas corporativas.

“Estamos em um momento cauteloso, mas as pessoas não podem entrar numa onda de acreditar em tudo o que falam para elas”, explica.

O efeito mais facilmente notado em ambientes em que há muitos boatos circulando entre os funcionários, segundo Paulo Ishimaru, é a desmotivação.

"O 'clima' da empresa influencia na produtividade; o profissional está sendo bombardeado por informações que o desmotivam", afirma.

Cheque a informação

Se as revisões informais sobre um futuro de cortes e desemprego estiverem tirando seu sono, não se iniba: pergunte sobre o assunto diretamente a um superior. E seja direto, recomendam consultores.

"O negócio é chegar e dizer: 'olha fulano, a gente sabe que há um problema de retenção de custos, que implicação isso teria no trabalho?'", afirma a especialista Taís Amaral.

Segundo ela, não há razão para constrangimentos, desde que a abordagem seja madura e sensata.

"Esse assunto (crise) não é novidade. O mundo inteiro está falando disso. Chegar de uma maneira madura pode garantir uma boa imagem do funcionário dentro da companhia", diz.

"Não tem nenhum constrangimento, muito pelo contrário. Melhor ter uma informação real do que ficar preocupado com um boato. A rádio-peão pode ser muito perigosa para o ouvinte", afirma Ishimaru.

Não dê ouvidos

Se deixar levar pelos boatos corporativos pode trazer muitos sentimentos negativos para o profissional: falta de motivação, falta de foco, falta de vontade de investir no emprego e se aprimorar. "Por que a pessoa vai se empenhar se ela acha que vai ser demitida?", questiona Taís.

De acordo com a consultora, um dos sintomas de que se está 'caindo' na boataria é a preocupação excessiva com o tema dos rumores, "quando o funcionário fica muito tempo na empresa tentando resolver o problema antes de ele ter acontecido", diz.

Para Paulo Ishimaru, do grupo Soma, não é preciso se isolar dos colegas e das conversas para não ser influenciado pelos boatos. "É só não dar importância. É como uma matéria de jornal. Quem é a fonte? É confiável? Se não for, ignora".

Ligia Guimarães Do G1, em São Paulo

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