Com mais de 140
milhões de usuários cadastrados, rede está há dois anos em lucro pleno. Tudo
isso graças a quem ficou curioso quando viu que "alguém deixou uma
mensagem no Badoo para você"
Muito provavelmente, já chegou a sua caixa de entrada um
e-mail dizendo que "fulano de tal lhe deixou uma mensagem no Badoo".
E é ainda mais provável que outros e-mails semelhantes tenham chegado várias
vezes, sempre com notificações de mensagens de um "fulano de tal"
diferente. Se você costuma ignorá-los ou se irrita com a frequência, faz parte
do grande grupo de "antipatizantes" da rede que não a veem como outra
coisa a não ser um foco de spams. Mas, caso a curiosidade tenha falado mais alto
alguma vez e você tenha acabado se cadastrando por lá, hoje faz parte dos mais
de 140 milhões de usuários de mais uma rede que encontrou no Brasil o caminho
do sucesso.
Voltado, basicamente, para a promoção de encontros e
relacionamentos, o Badoo nasceu na Espanha, por volta de 2006, com o objetivo
de ser uma rede social generalista tradicional, como o Facebook e o Orkut.
Diante do crescimento da iniciativa de Mark Zuckerberg, entretanto, seus
diretores resolveram imprimir uma mudança na proposta inicial e segmentá-la
para um nicho em que não fosse necessário concorrer diretamente com a gigante
que se consolidava nos EUA, já se espalhando por diversos países.
Apostando fortemente na indicação da rede pelos próprios
usuários, o Badoo causou e causa polêmica, com muitos internautas reclamando do
envio de mensagens não solicitada. A empresa, entretanto, se defende dizendo
que os convites são feitos pelos próprios usuários, enviados para contatos que
apenas eles têm.
Concorde você, ou não, o fato é que a estratégia vem dando
certo. A empresa nunca investiu em campanhas de publicidade oficiais e, mesmo
assim, conquistou tantos usuários que já consegue lucrar há dois anos, tendo como
fonte de receita apenas as assinaturas e pagamentos pontuais dos usuários.
Em entrevista exclusiva ao Administradores.com, a diretora
de marketing e comunicação do Badoo para América Latina, Espanha, França e
Itália, Alice Atkinson, conta como a companhia funciona, fala das estratégias
para o Brasil e comenta modelo polêmico de divulgação.
Quando e onde nasceu
o Badoo?
A rede começou na Espanha, por volta de 2006, mas tem sede
no Reino Unido. Quando começou, era uma rede social mais tradicional. Em 2008,
mudou o formato, porque vimos que a oportunidade estava não em competir com o
Facebook, mas em fazer alguma coisa diferente. O nosso fundador, que é russo,
estava visitando são Petesburgo e viu um café onde havia uma fila enorme. Daí,
ele foi lá e viu que cada pessoa sentava em uma mesa com um telefone do lado.
Daí, se você se interessasse por alguém, poderia discar o número que ficava no
lado da mesa. E aí ele percebeu que esse poderia ser um formato interessante de
ser transferido para a internet. E foi aí que nasceu a ideia atual do Badoo e a
rede explodiu em
popularidade. Agora temos mais de 140 milhões de usuários no mundo
inteiro, sendo grande parte na Europa, mas também na América Latina. A rede é
muito popular no Brasil.
Como a rede se
viabiliza economicamente?
Nós estamos numa posição muito boa, porque – ao contrário de
muitas empresas de tecnologia bem sucedidas – nós já estamos numa fase de
lucro. Já nos sustentamos e não dependemos de investimentos externos. Em nosso
modelo, a maioria dos usuários utiliza a rede gratuitamente, mas nós oferecemos
certas vantagens através de assinaturas e micropagamentos, você pode ter certos
privilégios. Com esse sistema nós conseguimos um modelo lucrativo sem precisar
fazer propaganda nem de investimentos externos.
O site não tem
publicidade?
Não. No momento, não temos nenhuma.
Mas faz parte dos planos da empresa?
Nós somos uma empresa muito jovem para dizermos que nunca
vamos fazer isso ou aquilo. Mas, no momento, nosso modelo de negócios é
totalmente baseado nesses micro pagamentos e nas assinaturas. E está
funcionando muito bem. Nós estamos em lucro há mais de dois anos.
Qual o tamanho da
equipe, hoje, mais ou menos?
Mais de 200 funcionários e muitos moderadores em todo o
mundo, que trabalham traduzindo, aglomerando fotos etc.
É no Brasil que o
Badoo tem sua maior audiência, não é?
Isso. O Brasil é o nosso maior mercado.
Em sua opinião, a que
se deve isso?
O Badoo começou nos países mais latinos da Europa, como
Itália, Espanha. E aí eu au acho que tem uma afinidade disso. Além da
proximidade entre as línguas, que têm muito em comum, bem como o jeito do
brasileiro, que é mais amigável, casual, divertido. Tudo isso está no DNA do
Badoo e também no DNA social do brasileiro.
Você pode falar um
pouco sobre como são traçadas e postas em prática as estratégias de divulgação
do Badoo? Como vocês procuram chegar a seu público alvo?
Nós chegamos a esse tamanho sem muito esforço de
publicidade, não temos campanha. Foi mesmo com base na ideia de que uma pessoa
gosta e avisa seus amigos e seus amigos entram no Badoo. É nesse efeito viral.
Mas agora nós estamos entrando em uma fase em que estamos nos expandindo para
os EUA e Alemanha e nessa expansão estamos nos esforçando em publicidade.
Muita gente considera
um tanto invasiva a estratégia do Badoo, de enviar e-mails com mensagens do
tipo "fulano deixou uma mensagem para você no Badoo", sem a pessoa
que recebe jamais ter entrado na rede. Esse tipo de abordagem é considerado um
tiro no pé por muitos profissionais da área. Como vocês veem essa questão? Para
vocês tem dado certo...
É verdade, há várias mensagens que são enviadas pelos
usuários. Mas é importante saber que nós não convidamos ninguém
automaticamente. Nós perguntamos se as pessoas querem convidar os amigos e nós
perguntamos quais são esses amigos. Então, essas mensagem vêm realmente do seu
amigo, porque ele tem seu endereço de e-mail e quer te convidar para o Badoo.
Eu acho que mandar mensagens é parte do que acontece na internet. Eu recebo
várias mensagens e algumas, se não forem do meu interesse, eu ignoro. Acho que
hoje em dia na internet as pessoas têm conhecimento suficiente para decidir o
que é importante ou ignorar.
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