Alunos usam bambubicicletas para ir à escola em São Paulo


Por volta das 6h, um grupo de 20 alunos pedala, em bicicletas de bambu, rumo ao CEU (Centro Educacional Unificado) do Parque Anhaguera, na zona norte de São Paulo.
A cena, que parece inusitada, passa a fazer parte da rotina de várias comunidades da periferia de São Paulo.

É o programa Escolas de Bicicletas, iniciativa pioneira da Secretaria Municipal de Educação, que, até o final do ano, pretende colocar 4.600 estudantes para pedalar.

"Fizemos uma pesquisa no ano passado e constatamos que a escola era o destino final dos ciclistas. Então, juntamos experiências de diversas capitais do mundo, como Copenhague, Bogotá e Amsterdã, e montamos nosso próprio projeto, que une educação e sustentabilidade", explica Daniel Guth, coordenado-geral do programa.

A ideia é promover os benefícios que a bicicleta traz para a sociedade. "É o meio de transporte que mais iguala as pessoas, torna a convivência mais amigável e incentiva as relações dentro do próprio bairro", conta Guth.

Para isso, o projeto inclui aulas sobre educação no trânsito e sustentabilidade. "Os alunos recebem formação e são acompanhados por monitores em todo trajeto. Dessa forma, diversas pessoas são impactadas".

PARCERIAS
Designer brasileiro fabrica bicicletas de bambu.
Para colocá-lo em prática, a secretaria teve consultoria do dinamarquês Mikael Colville-Andersen, especialista em mobilidade urbana, e contou com a criatividade do designer carioca Flávio Deslandes, que criou os quadros de bambus e esteve em São Paulo especialmente para treinar pessoas do bairro da Brasilândia para fabricarem as bicicletas.

"A bicicleta tem apenas três marchas e não exige muita manutenção. Pode ser lavada, mas não é recomendável que seja exposta a chuva", avisa Ismael Caetano, presidente do Instituto Parada Vital, parceiro responsável pela fabricação e gestão do projeto.

Para participar, o aluno precisa aderir espontaneamente ao programa, ter entre 12 e 14 anos, morar no entorno da ciclo-rota indicada e ter o consentimento dos pais.

Nessa primeira fase, os percursos escolhidos foram os mais acessíveis dentro de dois quilômetros do CEU. Mas outras rotas serão criadas a partir do segundo semestre e, futuramente, o programa também passará a abranger novas unidades educacionais.

"Educação não é mais sala de aula. Há diversos benefícios pedagógicos nesse processo, a começar pela motivação de como os alunos chegam às salas de aula", diz Guth.

Amanda Beatriz Jeansen, 14, aluna do Parque Anhanguera, confirma: "É muito legal conhecer mais sobre trânsito e sobre o bambu".

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