Parece piada. Presos reclamam de bloqueio de celulares.


Um dispositivo nacional promete dar fim à comunicação entre presidiários e o mundo fora das detenções no Brasil. Foi instalado em sigilo no Centro de Detenção Provisória de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, um software que bloqueia ligações de qualquer celular.

Em operação desde o dia 18 de outubro, o aparelho teve até então um aproveitamento de 100%, de acordo com reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”. De acordo com a publicação, o teste teve autorização da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), para combater o uso de celulares pelo crime organizado dentro das prisões.



Um relatório de desempenho indica que o programa não prejudicou celulares fora da prisão, um dos problemas apresentados em testes de outros aparelhos. O mesmo não pode ser dito para os aparelhos de telefonia móvel de dentro do presídio.
Criatividade é o que não falta
para entrar com um celular. (leia esta matéria)

Na tentativa de se comunicar com pessoas fora da prisão, os detentos tiveram suas ligações incompletas. Durante a fase de testes do novo dispositivo, foram registrados diversos chamados para os SACs (Serviço de Atendimento ao Cliente) das operadoras, a forma que os presos encontraram para tentar solucionar o problema. Nos primeiros três dias de testes, a TIM registrou 23 tentativas de contato para o seu SAC.

Ainda de acordo com o relatório, o sistema detectou nada menos que 1.513 chips dentro do presídio, onde são mantidos  2.024 presos. O número inclui também os aparelhos dos 264 agentes e funcionários, além dos celulares das visitas. Todos foram bloqueados.

O novo sistema, produzido pela empresa nacional Innovatech, inutiliza celulares de tecnologia comum, 3G ou rádio (Nextel). Outra empresa israelense chamada Suntech também está na disputa para fornecer o equipamento ao poder público brasileiro. O dispositivo nacional tem um custo de R$ 600 mil por unidade, já o israelense R$ 1 milhão cada.

O aparelho utiliza a estrutura de um amplificador de sinal de celular. Com um software específico, o dispositivo inverte a função do amplificador, tornando-o um “sugador” ou “imã” de ligações.

Assim, qualquer aparelho ligado que seja levado para o interior do Centro de Detenção Provisória de Mogi das Cruzes, será identificado em segundos. Caso uma ligação seja feita através do aparelho, o sistema impede que ela seja completada, identificando ainda o dia e horário da ligação, o número que foi discado e o tempo da tentativa. O dispositivo também bloqueia ligações de fora para dentro do presídio.

 Presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de São Paulo, Daniel Grandolfo afirma não concordar com o bloqueio dos sinais de celular nas detenções do Estado.

"As interceptações feitas com autorização judicial já salvaram muitas vidas de agentes e policiais. Não dá para ficar sem informação do crime organizado. Se todos os presídios forem bloqueados, não saberemos quais são os próximos passos desses criminosos”, concluiu.

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